sábado, 11 de dezembro de 2010

Tendências no mercado farmacêutico


As Características Mercadológicas da Indústria Farmacêutica no Brasil

O mercado mundial de medicamentos nas economias capitalistas está estimado em 170 bilhões de dólares anuais (Codetec, 1991a; Scrip, 1990). O Brasil se situa como o nono mercado mundial, com um faturamento que hoje ultrapassa os três bilhões de dólares. Entretanto, podemos verificar que o consumo per capita é muito baixo, quando comparado com outros países (mais de dez vezes menos do que os EUA e países da Comunidade Européia).
De uma maneira geral, dois aspectos devem ser ressaltados ao analisar a situação da indústria farmacêutica no Brasil: a dependência e a oligopolização, refletindo uma tendência mundial. Estes dois componentes ficam evidentes em ambos os setores que compõem a indústria farmacêutica no seu sentido mais global: a Química Fina e a Formulação Farmacêutica.
O setor de Química Fina abrange a elaboração de produtos químicos de maior valor agregado que os da indústria química de base, classificados como intermediários ou especialidades. O mercado mundial do complexo da química fina é estimado em US$ 256 bilhões, com 200 bilhões atribuídos a especialidades. O Brasil representa cerca de 3,2% do mercado mundial. O parque industrial brasileiro do complexo de química fina possui uma capacidade instalada mensurável de 500 mil toneladas anuais. A situação que se observa nas empresas nacionais é a utilização de tecnologias desenvolvidas no exterior, enquanto que as empresas multinacionais importam de suas matrizes a tecnologia aplicada nos seus processos de produção e vendas (Abifina/ ABQ/ABEQ, 1992).
Nossa dependência externa é nítida e pode ser analisada associada à questão da oligopolização do mercado. Uma diferença marcante entre as grandes empresas multinacionais e nossas indústrias brasileiras é que as primeiras procuram verticalizar sua produção, atuando em todos os estágios tecnológicos, incluindo a pesquisa, desenvolvimento de matérias-primas, formulação e marketing (Frenkel et al., 1978), enquanto que as empresas nacionais em sua maioria desenvolvem apenas a etapa de formulação farmacêutica, mantendo a dependência na aquisição das matérias-primas.
A indústria de formulação farmacêutica no Brasil é representada por um setor que movimenta anualmente mais de três bilhões de dólares (Codetec, 1991a; 1991b), sendo um dos dez maiores mercados do mundo. Com um consumo per capita baixo, apresenta uma distribuição perversa, considerando que 23% da população consomem 60% da produção (Codetec, 1991a). O mercado governamental representa em torno de 35% do mercado total. Nossa dependência fica evidente quando constatamos que as empresas multinacionais são responsáveis por 75 a 85% do faturamento anual no Brasil (Alanac, 1989; Codetec, 1991a; Ceme, 1987a; 1987b). A situação se configura de gravidade quando se constata, a par de um processo crescente de desnacionalização do setor privado, uma ação governamental que não fortalece os laboratórios estatais de produção.

Uma alternativa para o mercado brasileiro

É nítido que a produção de medicamentos genéricos representa uma tendência que se observa tanto em países desenvolvidos, como também a OMS recomenda sua implementação como espinha dorsal de uma política para os países em desenvolvimento. Acreditamos que, para o mercado brasileiro, também os medicamentos genéricos representam uma alternativa concreta, desde que uma série de conceitos e procedimentos seja definidos e implementados pelos diferentes atores envolvidos no processo.

Tendências e fusões no mercado farmacêutico

O mercado farmacêutico no Brasil cresceu 12,5% em 2008, atingindo R$ 26,1 bilhões. A tendência para os próximos quatro anos é que haja um crescimento composto de cerca de 9%. Em relação aos genéricos, a estimativa é mais modesta: de que até 2014 esses produtos possam alcançar um crescimento de R$ 660 milhões. "O governo, dentro do PAC, tem um objetivo parecido de elevar a participação dos genéricos no Brasil em 20%", destaca o diretor financeiro e de RI da Profarma, Max Fischer.
A projeção para os medicamentos similares é na ordem de US$ 2 bilhões, sendo que esse produto não está incluso no crescimento de 12,5% do mercado farmacêutico no ano passado. Futuramente, Fischer ressalta que os similares devem virar genéricos contribuindo, assim, para o crescimento do mercado. Enquanto se planeja expansão de vendas e produtos nos próximos anos, o mercado vive uma realidade mundial de encarar desafios que dizem respeito ao lançamento de novos produtos que tem passado pela busca de outros segmentos, conforme citou o CFO da Profarma. "Nos últimos cinco anos o pipeline de produtos novos é muito baixo, ou seja, todas as indústrias hoje estão em busca de produtos que são de especialidades como oncologia, por exemplo. As aquisições e fusões que a gente tem visto do lado da indústria tendem muito mais a ser na busca por uma empresa que seja especializada num tipo de remédio ou em um tipo de droga que seja desenvolvido para uma determinada especialidade, e isso deixa espaço para que a distribuição ocupe, através de serviços, um espaço que a aproxime mais da indústria."
Mesmo em um período de crise econômica mundial o setor farmacêutico não se inibiu e foi às compras, embora se suspeite que este mercado tenha sido um dos primeiros a sofrer com a crise financeira por trabalhar com dívidas de curto prazo.

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